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Apelidei-o de solidão

Tento que me acostumar com o fato de que você não vai estar aqui. Com suas idas e vindas. A inconstância. Com a eterna incerteza do amanhã. Com a ausência das somas. O vazio está aqui, juntamente quando você não está. Apelidei-o de solidão. Não sei bem se é. Tento lidar com ele. Saio com outras pessoas. Distraio a cabeça. Bebo um vinho. Sento-me na varanda. Contemplo o céu. Ainda está ali. Pulsando. O vazio. Não dá pra enganar a alma. Ela não dorme. Não se distrai. Ela anseia por você. Minha alma sente falta da sua.


Só sou.

Sou a tranquilidade da lua pairando no céu.
Sou o mar tempestuoso. 
Sou o afago dos raios de sol.
Sou a tempestade, os trovões. 
A ventania desregular e a brisa leve.
Sou luz.
Também sou trevas.
Depende de quando me vê passar.
Mas até mesmo quando sou trevas, ainda sou luz.
E até mesmo quando sou luz, ainda sou trevas.
Sou deus.
O todo.
O universo.
As partículas. 
O macro e o micro.
Sou a energia.
Os pensamentos que emano.
O que permito ser.
Sou o tudo.
E sou o nada.
Só sou. 
Só. 

Sou.

Estragos do amor.

Ela quis gritar com todo ar de seus pulmões.
Quis correr com toda velocidade que suas pernas suportariam.
Mas o que fez foi se encolher.
Torceu pra que sua mente silenciasse de uma vez por todas.
Torceu pra desaparecer.
E cada segundo se tornava um pouco mais pó.
E cada segundo via a vida se esvair um pouco mais.

Porque permitiu que o amor entrasse em sua vida?
Agora tinha que decidir ir e morrer aos poucos
Ou ficar e se matar todos os dias pra estar ali
E em todas as possibilidades via a vida se esvair

O estrago estava feito.