Vida Urbana

A escuridão por vezes me renova.
Sinto-me bem, afogada em minhas lamentações, meus problemas, minhas opiniões.
Sinto-me vazia e ao mesmo tempo, cheia.
E por vezes pode me incomodar essa solidão... Mas por outras, sinto-me como se fizesse parte verdadeiramente do meu eu.
Como uma alma ou um coração. Algo que não se pode arrancar de fato, nem ao menos se livrar eternamente.

Tento me acostumar a conviver com ela, de forma que não me prejudique...
Mas me vem em mente que talvez seja necessário isso pra conseguir viver nesse mundo de hoje.
Mundo esse que sonhos são trocados tão facilmente, por um pedaço de pão ou alguns trocados.
Mundo esse que se tem de abrir mão de tantas coisas pra ver a quem se ama feliz, e pra tentar ser feliz por si só.
Mundo esse em que o desprezo prevalece, que a mentira enlouquece, entristece, embrandece, enobrece.
Esse mundo que não te permite ser inteiro: só pedaços.

Não sei se quero viver aqui. Mas me permito.
Não sei se quero amar alguém, mas eu arrisco.
Não sei se quero me abrir, quando as pessoas nem parecem se importar verdadeiramente.

A verdade é que sempre vai ser difícil pra mim me permitir receber carinho de alguém.
Me permitir acreditar em palavras verdadeiras vindas de uma pessoa qualquer.
As palavras são tão traiçoeiras: te fazem acreditar, sonhar, lamentar, e até morrer.
Morrer por dentro.
E essa é a pior morte.