Mentes Vazias

Estou tentando reaprender a me acostumar.
Reaprender a me acostumar com a falta de persistência do mundo.
Reaprender a me acostumar com a ausência de bom-dias. Com a exuberância nos itens materiais.

Estou tentando reaprender a viver sabendo de tudo que ocorre e que,
mesmo que todos saibam também,
nada mude.  Tudo permaneça. Sem revolta. Sem preocupação.

Estou tentando reaprender a me acostumar com os roubos constantes. Com a falta de amor. E a falta de caráter.
Estou tentando reaprender a ver alguém matando de forma covarde.
Sem se importar.
Sem ligar.
Sem perder seu sono.

Juro que eu estou tentando reaprender a me acostumar com a frieza no coração das pessoas.
Com a falta de sentimentos.
Com as mentes vazias, juntamente com o coração.

Mas não consigo.
Não sei o que há de errado comigo, mas algo há.
Uma vontade louca de mudar as coisas, as pessoas.
De mostrar de uma vez por todas o ponto cego que ninguém vê.
De esfregar, esfregar mesmo, na cara de todos aonde está o erro dessa sociedade: a falta de amor pode acabar com o mundo.

E está acabando.
Pouco a pouco.
Pode parecer que não, mas não há mais pessoas habitando nesse planeta.
Tudo que restam são carcaças cansadas, destruídas, sem esperança.
Não vivem, nem respiram.
Apenas carcaças de mentes vazias.

Corpos cheios de mentes vazias.