Uma trovadora solitária - Part I

O mundo parecia pesar tanto sob os ombros dela...
Os últimos dias haviam sido um inferno.
Ela sentia-se cansada sem mesmo tendo feito nada.
Ela sentia um sono quase tão profundo e constante quanto a morte.
Ela havia perdido as palavras, coisa que sempre obtivera com tanta sensatez.
Ou, pelo menos, havia perdido a força para manuseá-las.

Tremia de frio sua alma.
Pedia desesperadamente por um afeto que fosse, só que não de qualquer um.
E sua projeção limitava qualquer tipo de pessoa que tentasse se aproximar da linha que ela criou entre a realidade e a solidão.

Mas e se,
E se a solidão na verdade fizesse parte da realidade?
E se,
E se a realidade fosse apenas uma solidão maquiada de algo ruim?

Ela estava de pé, rindo e aparentando ser a mesma pessoa para todos.
E ninguém percebeu que, no fundo dos olhos doces dela,
Havia não só um pouco de tristeza
Mas sim muito.

Talvez alguém houvesse percebido.
Quem diria?
Talvez alguém tivesse observado que seu corpo fazia um movimento totalmente contrário a sua alma
Que se contorcia em posição fetal, sem conseguir chorar
Porque as lágrimas secaram já.

Que louco, não é?
Louco as lágrimas secarem quando a tristeza ainda borbulha.