Quem sou eu?


Tenho um ar superior que poucos conseguem engolir.
Nos bolsos, ar.
Nos pulmões, falta de.
Na cabeça possuo duas coisas: um cérebro que poderia ser bem melhor utilizado
E você.

Minha pessoa se encontra justamente na confusão de não saber aonde encontrá-la.
Uma eterna contradição todo o tempo.
E uma eterna certeza o tempo todo.

Mostro-me mais forte do que verdadeiramente sou.
Restauro-me na natureza.
Céu estrelado.
Mar abarrotado de segredos.
Assim como meu coração, moço.

Carrego no rosto um olhar triste
Que parece carregar também o peso do mundo inteiro.
Não é engraçado, seu moço, uma menina carregar um olhar triste que carrega o peso de um mundo inteirinho?

Nos lábios, carrego negações.
Carrego palavras capazes de mudar um mundo.
Mudar mentes.
Mudar corações.
Sabia que as palavras tem um poder inexplicavelmente grande?

E também, nos lábios, carrego um sorriso.
Um sorriso sincero de quem goza de tudo.
Um sorriso de quem não finge. Apenas ri.

Mas não é uma real contradição meus olhos carregarem tristeza e meus lábios um sorriso sincero?

Tenho um dom muito esquisito.
Dom de esquecer rápido.
Não perdoo, mas esqueço.
Guardo rancor, mas não raiva.

Será possível guardar rancor e raiva não?

Os pés desejam estar em outro lugar que não o chão,
Menina cheia de terra que quer o ar explorar.

No coração, apenas artérias e veias.
E uma pulsação constante.
Nada de pessoas.
Nada de amores.
Coração é apenas um órgão.
E o amor, esse está todo na cabeça.

Inromântica, essa sou eu descrita em uma palavra inexistente.
Nada mais justo do que inventar uma palavra que não exista para me descrever,
Afinal de contas, nem eu mesma sei quem sou,
E tenho o direito de deixar o significado dessa palavra vago
Para que cada pessoa que me conhecer, ao longo de minha vida, possa preencher com a melhor impressão que tivera de mim.